quarta-feira, 18 de setembro de 2013
entrega urgente: eu pra você
É preciso uma pausa nas saudades. Esses dias deitei antes das dez da noite, disposta a sonhar e lembrar do sonho. Você sabe que meus sonhos são os mais incoerentes do mundo, mas a noção de realidade que eles trazem para o dia seguinte é muito certa. É como se eu de fato houvesse estado com. Estado em. Foi assim que passei pedaços da minha noite com você. Quando o despertador tocou de manhã, senti um pouco de frio. Eu não sei, mas a ideia que meu coração abrigava era a de abrir a porta do quarto e ter você na cozinha,voltando da corrida, suado, lindo, falando que a cama tava pedindo socorro, do tanto que eu durmo, e depois perguntar sorrindo quais seriam meus passos no dia que se iniciava. Antes, repito: tem muita coisa aqui que me faz bem, amigos, família, muito amor, o trabalho. Mas não tem você, entende?! Você entende, que eu sei. A gente se perde dentro do outro. Sinto falta de você implicando comigo, da tua comida que não provei, me diz: a faca que te dei é boa mesmo?! O que já cozinhou com ela?! Quero um prato feito só pra mim, quero nem saber. Confesso que comi doce todos esses dias, é como se afogar em um afago por dentro, mas já parei, foi sofrido, só não tem mais sabor que você. Tinha luz, meu bem. Tanta luz, que eu não via nada mais certo que nós dois. Eu tinha certeza que você entendia de nuvens. Ainda que o céu as descabelem e as deixem cheias de contusões. Durante muito tempo você me escutou e vice e versa enquanto crescíamos, enquanto dividíamos tardes, madrugadas e manhãs. A gente cresce primeiro é na alma. As histórias, as afinidades. Eu quis muito chorar de feliz. De triste. De você perto, sem estar. Saudades de te ver feliz. Saudades principalmente de ter alguém acreditando desesperadamente em mim, inteira, porque às vezes é difícil acreditar sozinha. Eu me desarmo. Meu esconderijo é aqui, são as letras. Onde mais me revelo. Olhar molhado. Lembrei aquela parte do Zeca "chovendo por dentro e impossível por fora". Quando menor, era o céu desabar e eu desenhar vários sóis de giz, no meio da rua. Resolvia o problema. Eu também sempre contei estrelas, apontando com o indicador. Decidi apostar no mundo, meu amor. Imperfeito do jeito que é. Sim, dói desorgulhar. Mas vou tentar espalhar cartazes de “procura-se” por aí, igual uma moça fez. Melhor. Qualquer dia chega surpresa no teu trabalho. Uma entrega urgente: eu pra você. Te roubo, passo o dia contigo e te devolvo só depois de te ligar e pedir resgate.Ah, esse acúmulo de quereres. Obrigada pela diferença que faz na minha vida. Somos um problema para não ser resolvido. Como Deus tá muito ocupado, vou pedir aos passarinhos que ficam visitando a horta do teu apartamento, que fiquem bem quietinhos, cuidado do teu coração. Meu carinho é teu.
domingo, 15 de setembro de 2013
cheiro moreno
Um mingau de aveia com canela, o cheirinho perfumando a casa toda. Uma busca prazerosa de você. Voltei a ter insônia. Quero te ligar no meio da noite e ficar em silêncio até conseguir dormir outra vez. Eu tive febre. E passou. Mas não passou a vontade de te ligar para contar do que andou acontecendo. Ainda penso um dia estar ao teu lado, saber te ouvir, arranhar teus ouvidos com meus sorrisos. Respeito nosso relicário. Respeito você. Tanta coisa foi dita. Mais de 1000 mensagens suas, li todas ainda pouco, como essa :“quando tento ficar só com o meu mar, perdido no meio do meu oceano, sem sentir medo algum, você aparece. Quando eu acho que já me distanciei, você se aproxima como um Tsunami. E esse Tsunami me destrói, desarma e desmorona tudo, me levando qualquer defesa que eu tenha construído.” Ou meu coisa linda, meu café da manhã. Te olhando daqui, crio motivos proibidos, sabor de noite quente, minha festa cabendo em você. A plenitude do desejo. Entre o sutil e o quente, sabe?!É rasgo que faz dentro de mim. Pode me chamar de saliente. Eu sou mesmo. Urgência e calma de viver, com você. Como fogos de artifício explodindo dentro de nós. Como jardins exalando seus perfumes ao vento e como estrelas cadentes caindo em nossos rios de compaixão e de sedução. Eu te penso com os olhos em cor, o horizonte guarda segredos, meu bem, encantamentos para serem colhidos pelos nossos olhos. Quero vê –los, preciso. E que saudade do teu sorriso. Alto assim, aberto, grande, de ouvir um “como tu tá piquena?!”. Sorte a nossa que nos gostamos assim. Tomei o mingau todo, mas o cheiro de canela ficou em mim, teu cheiro moreno. Beijos da janela. Corre lá, olha a lua,como sempre, é o meu presente pra você.
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