segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

joão faz 7 anos

10 de fevereiro de 2007 nasceu João. Uns anos depois, publiquei esta cartinha para ele e segue atual: Mal sabia como eram feitos os bebês quando você chegou. Eu comecei a amar você, sem ter ideia de que tinha descoberto o que faz a vida valer a pena. Passava horas te estudando com os olhos, como quem deseja se apresentar. Tem muita coisa que eu queria te ensinar. O problema é que ainda sei pouco. Se pudesse, daria o mundo explicado com anotações de roda pé e cheio de atalhos para você fugir do erro, da dor. Mas não teria a menor graça e no final você não seria o cara legal que tenho certeza que você será. Não porque o amor me cegue, meu coração é crítico. Irremediável, tende a notar os defeitos de quem vive nele. Enxergar as falhas também é um jeito de educar. Desejo que você morda a vida com gosto; que ame muito viver e que seja feliz. Que a alegria seja extraída desde as pequenas coisas, sem viver esperando apenas as grandes conquistas para ter alegria. O caminho é divertido, meu amor. Que seja honesto, que aja de forma correta e que se indigne com toda injustiça. “A indiferença é o peso morto da história”. Que não tenha preconceitos e que veja as pessoas para além das aparências. João, desejo que você olhe nos olhos. Que tenha humor, pois ele torna a vida mais leve e nos ajuda a dimensionar melhor aquilo que nos afeta. E que saiba rir de si mesmo. Que tenha a valentia de enfrentar as durezas da vida sem recorrer a qualquer vício. Que saiba rir, gargalhar e chorar quando tiver vontade. E que faça uso da palavra e do silêncio nos momentos que lhes são devidos. Que tenha força e inteligência para não ser destruído por esse mundo, mas que não queira levar vantagem em tudo. Que valorize a sua família, que seja leal e amigo dos amigos. Que ame o outro com sinceridade, mas que ame intensamente a si mesmo. Siga uma profissão que te dê prazer e que não faça de você um cara que lamenta todas as segundas-feiras. Uns dias serão piores, sinta tudo que tiver pra sentir. Vai ser difícil, mas não aceite o manual de instruções da sociedade. Você pode ser arqueólogo, artista, pintor, músico, engenheiro, médico, surfista e até DJ, como me confidenciou que adoraria ser. Ouça a sua vocação. Trabalho e paixão fazem uma dupla fantástica. Pode apostar. Ser você é a coisa mais linda do mundo. Leia por prazer. Leia porque isso te faz mais inteligente, mais sensível e mais parte do mundo que te cerca. O mundo, aliás, é bem grande. Viaje sempre que puder. Mesmo sem grana ou sem destino: vá. Não se prenda a um pedaço se você pode ter o todo. Quando você encontrar alguém para dividir essas aventuras, por favor, trate essa pessoa como você gostaria de ser tratado. Ninguém perde nada por ser leal e honesto, embora exista tanta gente cruel com o sentimento dos outros. Talvez eu pareça uma boba com tudo isso. Eu poderia simplesmente dizer "feliz aniversário". Mas quis ir mais longe. Você completa mais um ano, eu fico um pouco mais sensível e orgulhosa de te ver crescer. É que te amo apaixonadamente. Desejo que lute pela liberdade de escolher e de inventar a própria vida com alguma rebeldia para não se deixar levar e “que tenha o senso de poder pessoal que costumam ter aqueles que foram muito amados, respeitados e aconchegados quando pequenos.” Com amor, dindinha.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

marisol, mar e sol

Disseram que amor é palavra grande, quase nem cabe. E o que é a amizade, senão amor duas vezes?! Amor acostumado. Fico lembrando da maneira fantástica como um cheirinho de alegria tomou conta do meu sorriso assim que foi, estrela que é, pendurada em meu coração, sempre tão ansioso por novos enfeites. Hoje, ao tê- la por perto, alugo seus brilhos para quem quiser chegar perto. O pagamento é gentileza, sortida, a longo prazo. Quando caiu, carregava ternura pendurada em cada trança dos seus cabelos. Um exagero de delicadeza. Um respeito pelos sonhos em comum que se casaram e passeiam juntos, ainda hoje. Bailarina, jornalista, cantora, artista, pessoa maravilhosa, feitinha em todos os detalhes para o amor. Leve, levinha, pintada de todas as cores, sorrindo paz e entendendo muito de mim. A mais doce criatura de todas, pousou na minha vida assim, chegou me desarrumando com essa alma tão menina. Um jardim no rosto e um abraço nos olhos. Um presente. Coisa já traçada por Deus. Das pessoas inevitáveis. Marisol ou Mar e Sol, iluminada e inundada de amor como o próprio nome. Sinto orgulho em apontar de longe e dizer: é minha amiga. Amiga. Extensão de mim. Nossas mesas de bar com tantos sorrisos rasgados, sonoros. Nossas vozes misturadas, nossos silêncios, cinema, teatro, shows. Essa vontade mútua de sermos um tanto bem maiores. E além do que temos que venha o que queremos: arte para todos. E mais. Que nesses quereres possam caber encontros, (re) encontros, pés descalços, pôr do sol, tons de amarelo, reggae, samba, bossa nova, depois de algumas doses da “fogozada” rs, um brega arrochado, letras, suavidade, sonho, festas de realizações, livros, aniversários, manhãs enluaradas, noites amanhecendo, fotografias, abraços, clareza, compreensão, colo, conforto. E mais todas aquelas palavras que eu nunca vou conseguir dizer. Falta nome. Sobra coração. Quando o dia amanheceu, agradeci muito a Deus por você. Obrigada por tudo, minha amiga. Saiba que tô te abraçando agora. E chorando, é claro. A gente faz isso tão bem, né?! Hehe. A gente sorri melhor ainda! “Uma rosa é uma rosa é uma rosa é uma rosa é uma rosa.” Dizia Gertrude Stein. Pois eu digo que uma amiga é uma amiga é uma amiga é uma amiga é uma amiga. E acho essa minha flor uma das mais bonitas. Feliz aniversário, feliz tudo, feliz você. Que eu amo hoje e todo santo dia.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

entrega urgente: eu pra você

É preciso uma pausa nas saudades. Esses dias deitei antes das dez da noite, disposta a sonhar e lembrar do sonho. Você sabe que meus sonhos são os mais incoerentes do mundo, mas a noção de realidade que eles trazem para o dia seguinte é muito certa. É como se eu de fato houvesse estado com. Estado em. Foi assim que passei pedaços da minha noite com você. Quando o despertador tocou de manhã, senti um pouco de frio. Eu não sei, mas a ideia que meu coração abrigava era a de abrir a porta do quarto e ter você na cozinha,voltando da corrida, suado, lindo, falando que a cama tava pedindo socorro, do tanto que eu durmo, e depois perguntar sorrindo quais seriam meus passos no dia que se iniciava. Antes, repito: tem muita coisa aqui que me faz bem, amigos, família, muito amor, o trabalho. Mas não tem você, entende?! Você entende, que eu sei. A gente se perde dentro do outro. Sinto falta de você implicando comigo, da tua comida que não provei, me diz: a faca que te dei é boa mesmo?! O que já cozinhou com ela?! Quero um prato feito só pra mim, quero nem saber. Confesso que comi doce todos esses dias, é como se afogar em um afago por dentro, mas já parei, foi sofrido, só não tem mais sabor que você. Tinha luz, meu bem. Tanta luz, que eu não via nada mais certo que nós dois. Eu tinha certeza que você entendia de nuvens. Ainda que o céu as descabelem e as deixem cheias de contusões. Durante muito tempo você me escutou e vice e versa enquanto crescíamos, enquanto dividíamos tardes, madrugadas e manhãs. A gente cresce primeiro é na alma. As histórias, as afinidades. Eu quis muito chorar de feliz. De triste. De você perto, sem estar. Saudades de te ver feliz. Saudades principalmente de ter alguém acreditando desesperadamente em mim, inteira, porque às vezes é difícil acreditar sozinha. Eu me desarmo. Meu esconderijo é aqui, são as letras. Onde mais me revelo. Olhar molhado. Lembrei aquela parte do Zeca "chovendo por dentro e impossível por fora". Quando menor, era o céu desabar e eu desenhar vários sóis de giz, no meio da rua. Resolvia o problema. Eu também sempre contei estrelas, apontando com o indicador. Decidi apostar no mundo, meu amor. Imperfeito do jeito que é. Sim, dói desorgulhar. Mas vou tentar espalhar cartazes de “procura-se” por aí, igual uma moça fez. Melhor. Qualquer dia chega surpresa no teu trabalho. Uma entrega urgente: eu pra você. Te roubo, passo o dia contigo e te devolvo só depois de te ligar e pedir resgate.Ah, esse acúmulo de quereres. Obrigada pela diferença que faz na minha vida. Somos um problema para não ser resolvido. Como Deus tá muito ocupado, vou pedir aos passarinhos que ficam visitando a horta do teu apartamento, que fiquem bem quietinhos, cuidado do teu coração. Meu carinho é teu.

domingo, 15 de setembro de 2013

cheiro moreno

Um mingau de aveia com canela, o cheirinho perfumando a casa toda. Uma busca prazerosa de você. Voltei a ter insônia. Quero te ligar no meio da noite e ficar em silêncio até conseguir dormir outra vez. Eu tive febre. E passou. Mas não passou a vontade de te ligar para contar do que andou acontecendo. Ainda penso um dia estar ao teu lado, saber te ouvir, arranhar teus ouvidos com meus sorrisos. Respeito nosso relicário. Respeito você. Tanta coisa foi dita. Mais de 1000 mensagens suas, li todas ainda pouco, como essa :“quando tento ficar só com o meu mar, perdido no meio do meu oceano, sem sentir medo algum, você aparece. Quando eu acho que já me distanciei, você se aproxima como um Tsunami. E esse Tsunami me destrói, desarma e desmorona tudo, me levando qualquer defesa que eu tenha construído.” Ou meu coisa linda, meu café da manhã. Te olhando daqui, crio motivos proibidos, sabor de noite quente, minha festa cabendo em você. A plenitude do desejo. Entre o sutil e o quente, sabe?!É rasgo que faz dentro de mim. Pode me chamar de saliente. Eu sou mesmo. Urgência e calma de viver, com você. Como fogos de artifício explodindo dentro de nós. Como jardins exalando seus perfumes ao vento e como estrelas cadentes caindo em nossos rios de compaixão e de sedução. Eu te penso com os olhos em cor, o horizonte guarda segredos, meu bem, encantamentos para serem colhidos pelos nossos olhos. Quero vê –los, preciso. E que saudade do teu sorriso. Alto assim, aberto, grande, de ouvir um “como tu tá piquena?!”. Sorte a nossa que nos gostamos assim. Tomei o mingau todo, mas o cheiro de canela ficou em mim, teu cheiro moreno. Beijos da janela. Corre lá, olha a lua,como sempre, é o meu presente pra você.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

sem querer

Às vezes é sem querer. Você chega quando alguém já está. Você sobe as escadas e joga o coração dali mesmo, pelo simples prazer de vê-lo cair. No fundo, a esperança é sentir alguma coisa. Qualquer coisa. Do lado de dentro, do lado de fora. Preciso comprar mais livros, conhecer músicas novas, trocar as fotos do mural, ir à praia, amar os lençóis de novo mais de perto, colocar uma flor na minha mesa de trabalho. E, quando deito, preciso de você na minha cama. Me fazendo carinho, me beijando a testa, segurando minhas mãos. Sei lá. E aquela coisa de me tocar a nuca para que eu ande feliz pela rua em meio aos outros casais. Tenho minhas fases de desespero. Quando é sexta- feira, no meu céu só tem estrelas e eu tropeço olhando o sol. Um fim de semana inteiro sem você é muito. Não sei até quando teus olhos vão permanecer em cima dos meus. Sei menos ainda para onde vai levar minhas vontades. Mas queria saber se meus braços podem se encaixar aos teus. E se nossas pernas preferem o mesmo caminho. O começar. E eu sinto. Sinto muito. Você.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

ideia

Ele transforma uma tarde sem graça em um começo de noite cheio de inspirações. Eu não devia ter te olhado, correndo, todo suado. Eu cuido de ti, pequena. Eu, ladeira pra você escorregar. Eu abro as portas para você, novidade. Na primeira curva, te guio para os gestos seguintes. Que meus braços sejam tuas ruas, que me atravesse descalço. Não vai doer, eu deixo. Você nunca me machucaria. Te faço um cafuné para adular nem que seja um tiquinho do que há de querer ficar nos instantes posteriores. Você tem jeito de quem esquece sonhos na cama, sabia?! E eu quero me aninhar no teu peito, sentir teu coração bater, segurar tua mão por mais tempo, te entregar mais que dois sorrisos, mais que um ruído. Eu quero passear confusa, em você. Quero que você me abrace, que sempre me abrace. Que caminhe ao meu lado segurando no bolso de trás das minhas calças. Quero saber a frequência com que pisca os olhos. Quero papos desconexos, propostas decentes e outras tantas avessas. Quero que me veja chorando cortando cebolas, que tenha dó e me tome a faca da mão. Quero que me diga que não sou ciumenta e que não se importe com minhas melancolias mensais. Quero ver você dar risada da minha cara ao desistir de calcular o troco do supermercado. Quero que você aumente o som quando começar a tocar uma música que eu goste. Quero te ver fechar o jeans, te puxar de volta pra cama, me rasgar todinha para você, só para você. Quero entender quando dói e fazer parar de doer. Quero colo. Quero que não se espante com minha sensibilidade. Que não sofra com minha insensibilidade. Que não soframos tanto, apesar das crises, impaciência e muita falta de sentido. Quero tomar banho de chuva, rolar na areia da praia, ganhar carinho na nuca. Decifrar tua chegada pela maneira com que toca a campainha. Te cantar músicas bregas, caminhar pela praça. Quero comprar uma bicicleta, pedalar com você pela cidade. Aceito teus cuidados, todos eles. Só preciso inventar uma palavra. Algo que te explique. Uma palavra só. Que fosse tão linda e impactante quanto teus olhos. Mas não há. Então, eu imagino. Apenas imagino e crio uma ideia. Vago por aí, porque o que eu quero eu já tenho: você no meu coração.

terça-feira, 23 de julho de 2013

às vezes te odeio por quase um segundo...

Eu odeio muito você ter aparecido na minha vida. Odeio você ter chegado com esse sorriso- que-cabe- o-mundo, e despejado essa coisa sem nome, dentro de mim. Odeio tudo isso ter parecido algo muito certo. E único. Algo feito só pra mim, por você. Odeio essas mil e uma borboletas fazendo festa no meu estômago vazio. E meu coração – motor, inquieto, medroso, entregue, piscando. Piscando em sinal de um alerta que ele mesmo, não conseguiu dar conta. Odeio sonhar com você, achar tudo real, e acordar impregnada por tua presença, que não tenho. Odeio essa coisa bonita que sai daí e me pega no colo de um jeito meio felizesparasempre. Odeio pensar em você. Odeio não me cansar de você. Odeio me engasgar de você. E odeio estar aqui, escrevendo. Odeio apagar as luzes, e você ser vagalume, vela, lanterna e depois sol, me acendendo inteira, notando minha tentativa quase frustrada de fazer brilhar qualquer coisa amarela entre gravetos espalhados contra o vento. Odeio teu bom – humor, tua serenidade que me faz te querer como cais na hora em que tudo desmonta. Odeio te querer bem, muito bem. Odeio principalmente, saber que tudo isso é mentira. Perder meu sorriso em você. E ainda guardar um pedaço de céu, meio azul- laranja e amarelado, como esse das fotografias, pra te dar de presente quando nosso diálogo mudo vier ditar o vir a ser. No fim de tudo, só não odeio tudo isso quanto odeio não ter você por perto, quando quero , ocupando todos os meus espaços mais lindos. Coisa desses caminhos sem lua, e o tempo todo tão cheio de estrelas.